FLAVIA VITÓRIA

FLAVIA VITÓRIA

23 de jul. de 2012

20 de jul. de 2012

Pєηѕαмєητσѕ єм ραℓανrαѕ...
Arτє єм єѕ¢rєνєr!




Carroção da verdade.
De: Valter Gonçalves

Certo dia passando em frente à sede de uma grande fazenda, me deparei com duas pesadas rodas de um velho carroção;
Enfeitando a entrada de um belo jardim, de uma suntuosa mansão.
Cenário lindo, mas bem diferente que foi outrora, porque ao fundo vejo nas belas áreas; carros importados e caminhonetes potentes.
Meus olhos se encheram de lágrimas e um aperto no coração, ao lembrar o relato de um velho pai, sentado enfrente a nossa pequena casa, encostado em um velho mourão.
Meu filho daqui a pouco nós os matutos caipiras não teremos lugar no nosso próprio chão...
Naquele momento não entendi, pois ainda era uma criança muito inocente e não entendia a mágoa que carregava no coração.
Sentado brincando com o carrinho de pau, fazendo pequenos riscos no areão, como se fosse às rodas daquele velho carroção.
Carroça puxada por cinco burros, cujos nomes estão gravados na minha mente (Burro Preto, Piano, Gaivota, Cigana e Monarca), animais destemidos de confiança que enfrentavam os balanções.
Puxava de tudo, milho, arroz, café, feijão, até a perigosa carga de algodão.
Por aquelas pequenas estradas empoeiradas ou barrentas até as estradas de ferro, para encher os vagões.
Hoje se fala muito nos carros de boi, até desfilam para relembrar, mas nas carroças não falam não.
Burros até participam, mas pra carregar o filho do patrão.
E nunca se lembram de homenagear o que na verdade foi o único transporte do sertão.
Profissão árdua e perigosa, naquelas trilhas sempre sozinho, com Deus à frente, sua carroça e o cinco redomão.
Hoje porem este ultrapassado transporte, nem na história está lembrado.
Fala-se muito de agronegócio, que traz divisa para a nação; engolindo cercas, pequenos sítios, onde vivia os tais matutos de pés no chão.
Os empregados nas salas de aula para aprenderem computação, pra guiar as potentes máquinas computadorizadas que hoje são.
Plantio diferente se usa agora, burro e aradão não usam não, enxada virou herbicida que mata tudo, só não mata a plantação; mata as matas, mata os pássaros e os rios, mas nisso ninguém liga, porque é chamado de globalização.
E se pega um matuta com uma caça ou até pescando no ribeirão, prendem o coitado, leva multa, porque isso não pode não.
Por isso hoje me recordei de tudo, quase em planto nesse portão.
Meu velho pai não existe mais, morreu sem ser homenageado, ou apenas lembrado pelos governantes desta nação.
Receba agora minha homenagem traduzida em lágrimas, do seu filho que reconhece o valor de um homem e de sua profissão.

Ao Pai: Durval Gonçalves (Dorvano)